segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

CONFLITO DAS ÁGUAS






















CONFLITO DAS ÁGUAS (TAMBIÉN LA LLUVIA) 2010 - ESPANHA/MÉXICO/FRANÇA - Ficção
Direção: Icíar Bollaín 
Duração: 103min

Outro dia, minha mulher chegou em casa e eu estava acabando de ver o filme Homens de Preto 3 (MIB3).  - "Homens de preto?" ela indagou.
Minha resposta foi quase sincada com a imagem do crédito de roteiro (Screenwriter):
- "O roteiro até que é melhorzinho..." respondi.
E na tela: Ethan Cohen e mais algum fulano...

Paul Laverty apareceu nos meus filmes imperdíveis, por acaso.  Roteirista quase exclusivo do diretor Ken Loach (gostaria de ver todos filmes dele) chamou minha atenção, pela primeira vez, no genial A Procura de Eric.

Neste filme, atipicamente (http://www.imdb.com/name/nm0491956/?ref_=fn_al_nm_1) sem a  direção de Ken Loach,  chamou demais minha atenção para o roteiro.  Quando fui pesquisar quem havia escrito esta obra prima, me deparei com o nome dele...de novo.  Bicampeão.  
Dois roteiros que realmente se destacam dos demais, e me desculpe meu outro ídolo imperdível, o roteirista (destronado) Charlie Kaufman, (http://www.imdb.com/name/nm0442109/?ref_=fn_al_nm_1). 
Filho de uma irlandesa e de um escocês; nascido na Índia; formado em filosofia em Roma, direito em Glascow. Trabalhou com direitos humanos na América Central (Nicarágua, Guatemala, El Salvador em plena guerra civil), antes de chegar ao cinema, ganhando um concurso de roteiros, cujo prêmio era um curso de cinema em Los Angeles.

Seus roteiros, têm uma densidade dramática que me chamou a atenção, nestes dois filmes imperdíveis, citados aqui no blog.

A experiência da projeção cinematográfica, trabalha basicamente com nosso sistema nervoso mais primitivo.  A sala escura, a dimensão gigante, o movimento, o coletivo, traz nesta experiência, neste evento, uma comunicação direta com nosso lado animal.  Ainda com os reforços intencionais na construção (no roteiro) da imagem, como sexo, encantamentos mágicos diversos, o inusitado, violência...se vale do mais baixo diálogo com o Homem espectador.   Daí a facilidade do cinema de vender conceitos, idéias...

Diferentemente, seu texto, sua construção imagética, parte de outros princípios.

Primeiro tem que se dizer que os filmes, A Procura de Eric e Conflito das Águas, são MUITO bem realizados.

No filme  A Procura de Eric,  as narrativas subliminares, são mais dramáticas e emotivas, sem deixar de lado um crueza realista, que acho ótima.  Trabalha com um sub-texto existencialista.  Amor, abandono, amizade, tensão, humor, são trazidos a tona do íntimo do personagem principal, numa facilidade surpreendente.

Não fica preso apenas a busca da criação da ação correta para a cena.  Traz questões e sentimentos universais para as cenas.  Criando um diálogo mais elaborado com nosso sistema nervoso e intelecto. Através de lances, fatos e personagem real do futebol, apresenta questionamentos filosóficos, com humor e  texto sagaz.

Já no filme O Conflito das Águas, as camadas narrativas discutem questões sociais humanas, como a exploração do homem pelo homem.  Tendo como base da história, a produção de um filme, sobre a descoberta da América e a exploração colonial,  durante a explosão de um conflito (fato histórico) na cidade.

Esplêndido.












sexta-feira, 11 de maio de 2012


LUZ NAS TREVAS  2011 - BRASIL - Ficção
Direção: Helena Ignez e Icaro Martins
Duração: 83min


Foi preciso uma senhora dama para chacoalhar o cinema nacional nos dias de hoje.  
Ninguém menos que Helena Ignez (http://pt.wikipedia.org/wiki/Helena_Ignez) e Icaro Martins (http://www.imdb.com/name/nm0554139/), dão um chute na bunda do cinema nacional atual!
Cinema bundinha com maioria de novos diretores, publigerados comprometidos, clichês adictos, com relativo dinheiro e imbecilidade cultural, vide: 2 Coelhos, O Magnata, num rápido exemplo.

Luz nas Trevas, a sombra (e luz) de Sganzerla, sopra um pouco de alento e esperança ao cinema nacional independente.  Com participações de grandes atores e figuras do cinema marginal paulista, traz uma boa lembrança da  força cinematográfica bruta do original. O Bandido da Luz Vermelha, 1968, um marco no cinema nacional, mundialmente famoso e ovacionado por todo grande cineasta que se preze.  Mantém a linha primorosa da montagem primeira de Silvio Reinoldi, o montador honra (ou salva) a camisa de uma nova geração, com talento e exceção. 
Ótimo trabalho de som, fotografia, como que debocham das caríssimas produções medíocres, com perfeição marginal.
Imperdível.

sexta-feira, 30 de março de 2012

INQUIETOS
























INQUIETOS (RESTLESS) 2011 - EUA - Ficção
Direção: Gus Van Sant
Duração: 91min

Acho que todos que gostam, ou tiveram contato, com a literatura, com a  poesia, se lembram de versos que o levaram ao inefável, ao mistério humano, ao desconhecido da existência humana.  Metafísica. Questões universais maiores da condição humana.
Gus Van Sant, um dos meus preferidos diretores, com o imperdível Elefante no currículo, de apuro cinematográfico sensível, traz esta última película que me remeteu de imediato a poesia. Não me pareceu apenas um filme, me colocou um poema audiovisual, letras fotogramas, versos planos, sequências...
De morte, nossa única certeza de existência enquanto ser, com amor de sublime a condição humana de animal, Gus escreve estas imagens, nos versos fotográficos desta história, este poema audiovisual.
Imperdível quanto cinematografia, universal enquanto obra.
Chama atenção o jovem ator, filho de Dennis Hopper, cópia escarrada desse lendário ator, recentemente falecido (2010), em excelente interpretação, com parceria da jovem e talentosa atriz Mia Wasikowska.
Lindo em todos aspectos. Imperdível aos mortais...

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

MEDIANERAS























MEDIANERAS – Argentina – 2011 – Ficção
Direção: Gustavo Taretto
Duração: 95 minutos

Classificado como drama erroneamente pelo IMDB, na minha opinião mais uma comédia romântica além de qualquer generalização. 

Algo me encanta nos filmes argentinos. Primeiramente, quase todos são impecáveis tecnicamente.  Depois, os atores são ótimos, todos tem um tempo bom, talvez uma formação técnica cinematográfica especializada, e não uma escolinha televisiva de caras e tipos como a maioria da formação aqui no Brasil.  Têm uma qualidade diferente.  Combinam com a tela grande.  Os diálogos tembém são ótimos, os quadros, as paisagens, as histórias, pequenas ou grandes….me encantam. Me gustan.

Este filme imperdível tem tudo isto. 

Produção grande e minuciosa.  Roteiro muito bem desenhado, muito bem escrito, com tema trabalhado e dissertado em imagens precisas, de montagem certeira dentro das sequências e no todo final.
Seja a solidão, amor  ou nosso tempo louco.  Discute  nossa sociedade, a globalização, o homem  de hoje, seus sentimentos dentro deste meio tão avassalador e suas consequências cotidianas.   Mais um ponto pro cinema argentino.

Trailer : http://www.imdb.com/video/imdb/vi2189860377/

LARRY CROWNE



LARRY CROWNE – EUA – 2011 – Ficção
Direção: Tom Hanks
Duração: 98 minutos

Um bom filme não tem genêro nem subgênero.  
Tenho preconceito com comédias românticas, mas um bom filme, um filme imperdível, esta além. 
Ótimo roteiro, tudo simples, a história acontece fácil, conduzida por ótimas atuações, em timings perfeitos.  
Não tem como não gostar do filme.  Aula de cinematografia:  bom texto, bons atores, produção enxuta, sem prepotência, truques  com efeitos desnecessários,  ou uma preocupação estritamente comercial aparente.  Bem montado, ótimo som e trilha sonora.

Exemplo de um acerto no mecanismo multisetorizado de uma execução (produção) cinematográfica. 

Leve, divertido, atual.


Trailer :  http://www.imdb.com/video/imdb/vi1973459993/

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

BIUTIFUL


 


BIUTIFUL - 2010 - Espanha/México - Ficção
Direção: Alejandro González Iñárritu 
Duração: 114 minutos

Mais um filme imperdível.  Impecável em todos aspectos, este diretor atinge sua maturidade cinematografica, genialmente. Falar da história, montagem, fotografia, som, atuações, fica pequeno diante desta obra como um todo.  Uma pancada emocionante, engajada. Vejam o making of, ajuda a ter dimensão desta criação, desta obra talentosa. Sem palavras, só experimentando...

TRAILER: http://www.imdb.com/video/imdb/vi3934586393/



segunda-feira, 13 de junho de 2011

Série TREME - HBO






















TREME

Como toda série da HBO, produção de altíssima qualidade.  Só a tradução deixa um pouco a desejar, perdendo pequenos detalhes do texto, talvez para ajustar a legenda em tempo e tamanho.
Ótimas histórias ficcionais ou verídicas, tem o cenário pós furacão Katrina como base dramática, na luta pela sobrevivência do povo de New Orleans.  Sob a ótica da rica cultura musial da região, aborda questões humanas mais profundas e atuais.
Grandes atuações de absolutamente todos atores. Personagens principais, secundarios ou figurantes, nenhum destoa,  mesmo os inseridos em caráter documental, como a participação de grandes músicos "originais" da cidade.
Roteiro, fotografia, montagem, som...um deleite para músicos e amantes do cinema e televisão.
Imperdível!

TRAILER
http://youtu.be/2jnSzAI3gCQ

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A PROCURA DE ERIC






















À PROCURA DE ERIC (LOOKING FOR ERIC) - 2009 - Inglaterra – Ficção
Direção:  KEN LOACH 
Duração: 116 minutos


Filmes geniais são dificeis de se achar.  Combinam uma simplicidade extrema e ao mesmo tempo, um apuro requintado entre técnica e emoção.   Como numa orquestra, cada grupo e integrante, cumpre sua excelência, dando ao todo, a obra, sua contribuição exata. 

Neste filme, podemos ver a arte cinematográfica em sua plenitude.

A narrativa parte de um estado crônico e profundo de depressão  do personagem principal.   Eric, um carteiro Inglês,  sofre um lapso e tem um pequeno acidente automotivo em uma rotatória.  A partir desse choque se descortina  o universo dessa história, com um realismo cômico, trágico, e até romântico na vida deste homem.   

Do desespero diário de sua condição, entre suportar suas dores, manter um filho e um enteado, como pai solteiro;  aparecem seus “mates” tentando  ajuda-lo a sair desse estado.  Chegam a um exercício de auto ajuda (numa sequência engrasadíssima), guiados  por “Meatball” (uma espécie de líder dos “mates”,  líder do coro), levando Eric a resgatar seu elo com a vida. Sua paixão pelo time de futebol Manchester United  e pelo craque rebelde,  Eric Cantona, banido do futebol após agredir um torcedor, ao ser expulso injustamente de uma partida.

Cantona, uma figura excêntrica por si só,  um frânces na Inglaterra,  que se tornou o maior ídolo de uma das mais fanáticas torcidas inglesas.  O ex-jogador começa a aparecer e dialogar com Eric, depois de fumar cigarros de skank roubados de seu filho delinquente. Desse diálogo imaginário com o ídolo, o  personagem começa a avaliar sua vida.   São conversas sensacionais entre os dois, que através da “filosofia” esportiva, de chavões do futebol, ilustradas pelas jogadas do craque, começam a transformar  o personagem do carteiro.

 Esse diálogo entre os dois, se estende por todo filme, construindo um novo Eric, que vai desamarando seus nós, além de resolver os desafios  externos  da trama, por mais trágicos e graves que se apresentem.  Um filme sobre autoconhecimento, amizade, humor sobre a fatalidade da vida.  Aula de roteiro, interpretação, tudo funciona no filme. Imperdível.

TRAILER - http://www.adorocinema.com/filmes/a-procura-de-eric/#trailers

KAFKA






















KAFKA  (KAFKA) - 1991 - EUA – Ficção
Direção:  STEVEN SODERBERGH 
Duração: 98 minutos

- “A alma humana não se vê com uma lente”
- “Depende do tamanho da lente!”   (diálogo do filme)

Outro filme que vi mais de dez anos atrás, continua impressionante e imperdível.
Ao contrário do filme Happiness, a cinematografia em Kafka,  abunda... até demais.
São imagens belíssimas em preto e branco da cidade de Praga, num thriller tendo o escritor como protagonista, e como um personagem dentro de suas próprias histórias.
Impressiona na fotografia, música, montagem, muito bem filmado, grandes atores... um dos meus filmes preferidos.

Adorei este exercício imagético. Pois em Happiness, eu havia construído novos diálogos e atuações, dando significados diferentes as sequencias marcantes do filme.  Em Kafka, eu lembrava de quase todos planos, deixando a história em segundo na memória.  Por isso que falei em excesso da cinematografia. Nos dois filmes acho que há este desequilíbrio nas histórias.


A coleção da distribuidora Lume Filmes, esta trazendo diversos títulos excelentes  da cinematografia, esquecidos até então na era do dvd. 







CAPA do DVD (Coleção LUME - Brasil)

HAPPINESS























FELICIDADE (HAPPINESS) - 1998 - EUA – Ficção
Direção:  TODD SOLONDZ 
Duração: 134 minutos

Mais de 10 anos atrás, quando vi este filme pela primeira vez, achei genial.  Revendo agora, continuo achando um filme imperdível, mas não genial.
O que chamo de cinematografia, parte fundamentalmente de uma visão mais ativa da câmera na construção da história, na transcrição texto-imagem.
Este filme carece de cinematografia, assim como de uma montagem mais trabalhada. Pode ter sido proposital, ou sem talento mesmo.  Mas não tira nem um pouco o impacto da história,  com uma trama trágica, de humor negro sensacional. Se fica envergonhado de achar graça em certas cenas e diálogos.

O filme todo é assim.  A base da trama são as patologias, em diversos graus, dos personagens.  “De perto ninguém é normal”, poderia ser o título do filme, que chamado de felicidade, soa como uma crítica a hipocrisia contemporânea do “estar/parecer bem, seja como for”.  Ótimas atuações.










 CAPA do DVD (Coleção LUME - Brasil)