quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A PROCURA DE ERIC






















À PROCURA DE ERIC (LOOKING FOR ERIC) - 2009 - Inglaterra – Ficção
Direção:  KEN LOACH 
Duração: 116 minutos


Filmes geniais são dificeis de se achar.  Combinam uma simplicidade extrema e ao mesmo tempo, um apuro requintado entre técnica e emoção.   Como numa orquestra, cada grupo e integrante, cumpre sua excelência, dando ao todo, a obra, sua contribuição exata. 

Neste filme, podemos ver a arte cinematográfica em sua plenitude.

A narrativa parte de um estado crônico e profundo de depressão  do personagem principal.   Eric, um carteiro Inglês,  sofre um lapso e tem um pequeno acidente automotivo em uma rotatória.  A partir desse choque se descortina  o universo dessa história, com um realismo cômico, trágico, e até romântico na vida deste homem.   

Do desespero diário de sua condição, entre suportar suas dores, manter um filho e um enteado, como pai solteiro;  aparecem seus “mates” tentando  ajuda-lo a sair desse estado.  Chegam a um exercício de auto ajuda (numa sequência engrasadíssima), guiados  por “Meatball” (uma espécie de líder dos “mates”,  líder do coro), levando Eric a resgatar seu elo com a vida. Sua paixão pelo time de futebol Manchester United  e pelo craque rebelde,  Eric Cantona, banido do futebol após agredir um torcedor, ao ser expulso injustamente de uma partida.

Cantona, uma figura excêntrica por si só,  um frânces na Inglaterra,  que se tornou o maior ídolo de uma das mais fanáticas torcidas inglesas.  O ex-jogador começa a aparecer e dialogar com Eric, depois de fumar cigarros de skank roubados de seu filho delinquente. Desse diálogo imaginário com o ídolo, o  personagem começa a avaliar sua vida.   São conversas sensacionais entre os dois, que através da “filosofia” esportiva, de chavões do futebol, ilustradas pelas jogadas do craque, começam a transformar  o personagem do carteiro.

 Esse diálogo entre os dois, se estende por todo filme, construindo um novo Eric, que vai desamarando seus nós, além de resolver os desafios  externos  da trama, por mais trágicos e graves que se apresentem.  Um filme sobre autoconhecimento, amizade, humor sobre a fatalidade da vida.  Aula de roteiro, interpretação, tudo funciona no filme. Imperdível.

TRAILER - http://www.adorocinema.com/filmes/a-procura-de-eric/#trailers

KAFKA






















KAFKA  (KAFKA) - 1991 - EUA – Ficção
Direção:  STEVEN SODERBERGH 
Duração: 98 minutos

- “A alma humana não se vê com uma lente”
- “Depende do tamanho da lente!”   (diálogo do filme)

Outro filme que vi mais de dez anos atrás, continua impressionante e imperdível.
Ao contrário do filme Happiness, a cinematografia em Kafka,  abunda... até demais.
São imagens belíssimas em preto e branco da cidade de Praga, num thriller tendo o escritor como protagonista, e como um personagem dentro de suas próprias histórias.
Impressiona na fotografia, música, montagem, muito bem filmado, grandes atores... um dos meus filmes preferidos.

Adorei este exercício imagético. Pois em Happiness, eu havia construído novos diálogos e atuações, dando significados diferentes as sequencias marcantes do filme.  Em Kafka, eu lembrava de quase todos planos, deixando a história em segundo na memória.  Por isso que falei em excesso da cinematografia. Nos dois filmes acho que há este desequilíbrio nas histórias.


A coleção da distribuidora Lume Filmes, esta trazendo diversos títulos excelentes  da cinematografia, esquecidos até então na era do dvd. 







CAPA do DVD (Coleção LUME - Brasil)

HAPPINESS























FELICIDADE (HAPPINESS) - 1998 - EUA – Ficção
Direção:  TODD SOLONDZ 
Duração: 134 minutos

Mais de 10 anos atrás, quando vi este filme pela primeira vez, achei genial.  Revendo agora, continuo achando um filme imperdível, mas não genial.
O que chamo de cinematografia, parte fundamentalmente de uma visão mais ativa da câmera na construção da história, na transcrição texto-imagem.
Este filme carece de cinematografia, assim como de uma montagem mais trabalhada. Pode ter sido proposital, ou sem talento mesmo.  Mas não tira nem um pouco o impacto da história,  com uma trama trágica, de humor negro sensacional. Se fica envergonhado de achar graça em certas cenas e diálogos.

O filme todo é assim.  A base da trama são as patologias, em diversos graus, dos personagens.  “De perto ninguém é normal”, poderia ser o título do filme, que chamado de felicidade, soa como uma crítica a hipocrisia contemporânea do “estar/parecer bem, seja como for”.  Ótimas atuações.










 CAPA do DVD (Coleção LUME - Brasil)